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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

PRIMATAS: Cientistas encontram nova espécie de macaco

Por Jorge Eduardo Dantas de Oliveira

A existência de uma nova espécie de macaco do gênero
Callicebus no noroeste do estado de Mato Grosso é o grande resultado dos estudos de mamíferos realizados durante a Expedição Guariba-Roosevelt.

A nova espécie foi registrada visualmente e fotografada no interfluvio entre a margem direita do rio Roosevelt e margem esquerda do rio Guariba pelo biólogo Julio Dalponte.


Pesquisador responsável pelos estudos de mastofauna, Júlio Dalponte explica que os rios Guariba e Roosevelt, assim como seus afluentes, funcionam como “barreiras” naturais que separam ao menos três espécies diferentes do gênero Callicebus.


“Na margem esquerda do rio Roosevelt, encontrei indivíduos da espécie
Calicebus bernardi, que foi descrita há pouco tempo. O zogue-zogue registrado entre as margens direita e esquerda do Roosevelt possui um padrão completamente diferente de coloração em relação as espécies conhecidas para Amazônia”, afirmou o pesquisador.

“Com relação aos animais observados na margem direita do Guariba, seu padrão de cor da pelagem é bem diferente do anterior, e não se confunde com as características observadas na espécie esperada para aquela área”, complementou.


Júlio Dalponte comentou, ainda, que as prováveis novas espécies, assim como a constatação de que os rios da região funcionam como barreiras biológicas, aumenta o potencial de biodiversidade do noroeste do Mato Grosso e a importância da conservação daquela área.


“Temos informações sobre áreas protegidas do entorno, mas poucos dados disponíveis sobre esta parte do estado. Então temos que trabalhar para complementar este mapa, preencher este vazio que temos de informações sobre esta região”, disse.


Dalponte e pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém do Pará, estão trabalhando em parceria no estudo e descrição da nova espécie.


“Precisamos comparar as características desses animais com o que já conhecemos para atestar se essas espécies não foram identificadas anteriormente”, explicou. Com 144 anos de existência, o Museu Paraense Emilio Goeldi é uma das maiores referências em flora e fauna da região amazônica.


O pesquisador contou ainda que os macacos do gênero
Callicebus foram os pequenos primatas mais encontrados durante a Expedição Guariba-Roosevelt. Sagüis e zogue-zogues apareceram em vários momentos.

Uma curiosidade é que, apesar do termo “guariba” batizar um importante rio, uma vila e a unidades de conservação local, o macaco guariba, do gênero
Alouatta, foi registrado pouquíssimas vezes e apareceu apenas em duas localidades da Resex Guariba- Roosevelt. O pesquisador constatou que essa aparente raridade não se deve a caça, e sim a alguma causa natural.

A Expedição Guariba-Roosevelt


Promovida pelo WWF-Brasil em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso e a empresa Mapsmut, a Expedição Guariba-Roosevelt foi realizada entre os dias 1
o e 20 de dezembro de 2010. Seu objetivo foi colher informações e realizar o “diagnóstico ambiental” de quatro unidades de conservação estaduais situadas no Noroeste do Mato Grosso (Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, Parque Estadual Tucumã, Estação Ecológica Rio Madeirinha e Estação Ecológica Rio Roosevelt).

Apesar de criadas durante a década de 90, essas áreas protegidas ainda não foram suficientemente estudadas e não possuem planos de manejo. Os planos de manejo são documentos oficiais que informam o que pode ou não ser feito no interior de unidades de conservação.


Historicamente, o noroeste do Mato Grosso vem sendo devastado nas últimas décadas pela ocorrência de garimpo, extração de madeira, pesca predatória e abertura de pastagem – mesmo dentro das áreas protegidas.


O analista de conservação do WWF-Brasil, Samuel Tararan, coordenador da expedição, considera que as parcerias entre as instituições envolvidas podem impulsionar o desenvolvimento sustentável na região.


“Iniciativas como esta devem ser incentivadas, atraindo novas parcerias para incentivar a conservação e a valorização da floresta e contribuir para a capacitação e produção das comunidades”, disse ele, referindo-se às alternativas existentes, como a utilização e beneficiamento de produtos madeireiros e não madeireiros extraídos de forma sustentável, ao invés de práticas insustentáveis e danos ambientais.
FONTE: http://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?29591/Expedicao-Guariba-Cientistas-encontram-nova-especie-de-macaco